Um olhar sobre as polêmicas e os momentos marcantes das novelas "De Corpo e Alma" e "Meu Bem, Meu Mal"
A novela "De Corpo e Alma", de 1992, da autora Glória Perez, ficou marcada pela tragédia envolvendo a atriz Daniella Perez, assassinada por um colega de elenco cinco meses depois da estreia da trama e faltando três meses para seu desfecho. Infelizmente, isso aconteceu. "De Corpo e Alma" era mediana e, por conta dos temas abordados, estava na mídia toda semana.
Na época, as redes sociais, digamos, eram as revistas de fofoca, que estampavam em suas capas os artistas que estavam em evidência, assim como as novelas que bombavam em audiência e polêmicas. "De Corpo e Alma", acho que poucos recordam, sofria boicote de muitos jornalistas e, segundo Daniella Perez denunciou em um jornal em entrevista exatamente uma semana antes de sua morte, Glória era atacada por ser mulher e por estar sozinha à frente do produto mais assistido na televisão brasileira, uma vez que a autora não tinha colaboradores no processo de escrita dos capítulos. De certa forma, acredito que a "eterna Yasmin Bianchi" estava certa.
Por outro lado, a crítica "especializada" tinha razão em uma coisa: a trama de "De Corpo e Alma" era arrastada, do tipo que, se a gente perdesse 60 capítulos e voltasse a assistir, nada havia mudado. Um exagero, claro, mas a novela encabeçada por Tarcísio Meira era devagar quase parando, e se a audiência ia bem, era pelo simples hábito das pessoas de ligarem a TV no horário sem, muitas vezes, prestarem muita atenção no que estava sendo exibido; além disso, havia o adendo de não contar com algo que pudessem chamar de concorrência.
O SBT exibia a novela "Topázio", uma outra versão da original "Esmeralda", e até teve uma certa repercussão, mas a Rede Globo era mesmo a "dona do pedaço", e não tinha para ninguém, mesmo com um produto ruim em sua telinha. "De Corpo e Alma" era ruim mesmo! Assim como "De Corpo e Alma" ficou marcada pela morte de Daniella Perez.
A novela "Meu Bem, Meu Mal", segunda história do talentoso e saudoso Cassiano Gabus Mendes, exibida no horário mais nobre da TV Globo, ficou marcada por ser a última telenovela que teve a participação de Lídia Brondi, nora do famoso escritor. Exibida entre outubro de 1990 e maio de 1991, "Meu Bem, Meu Mal" começou sua saga sem dizer a que veio, e a crítica a chamava de "Meu Bem, SEM SAL". Não por acaso. Mas a audiência não era desastrosa; só não tinha apelo popular, e ninguém sabia por quem torcer, uma vez que Fernanda, a personagem defendida por Lídia Brondi, se perdeu ao longo dos capítulos, numa participação que, a meu ver, só existia para preencher laudas, e em nada chamava atenção. Uma pena! Lídia sempre foi atriz de grandes papéis.
Então, acredito que por sugestão do saudoso diretor Paulo Ubiratan, o autor tirou Adriana Esteves da zona de "figuração com poucas falas" e a transformou na mocinha que a trama não tinha, o que causou frisson e fez o público torcer por ela e por José Mayer, até então, o cinquentão mais galã do começo da década de 1990.
Cassiano Gabus Mendes, como ele mesmo disse, não queria fazer a novela e nem sabia o que iria escrever quando a emissora o escalou para o horário. Mas o que importa para a TV aberta é a audiência, e "Meu Bem, Meu Mal" chegou ao topo, superando até Gilberto Braga, que o sucedeu com "O Dono do Mundo".
Gilberto, depois de três anos do super sucesso "Vale Tudo", voltaria ao horário que o consagrou, gerando grande expectativa, mas sobre essa trama encabeçada por Antônio Fagundes, Glória Pires e Malu Mader, volto outra hora para falar.
Foto: Terra